segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Maria

Era apenas uma crise de bronquite mas como estava entrando no nono mês de gestação, era Páscoa meu obstetra viajando, por orientação dele fui fazer inalação no melhor hospital de São Paulo e América Latina. Entrei andando no hospital. Após a inalação comecei a ter alucinações...a cabeça das pessoas eram enormes e seus corpos pequenos.....queria mamãe a meu lado. Minha filha de 4 anos chorava não deixava ela ficar comigo...nada mais me lembro.

Minhas próximas exposições foram fatos que ouvi e associei aos momentos que lembro vagamente da UTI. Meu marido teve que assinar um termo de escolha:   a mulher ou a filha...me escolheu.

Tenho vagas lembranças de alguns momentos dentre eles mamãe ao meu lado eu falei que ia morrer e pedia sua jura sobre assumir a tutela de minha filha e a criasse ...vejo até hoje sua saída gritando e aos prantos...fui cruel.

Da UTI  para o quarto. Recebi a visita  entre muitas pessoas  a de "uma amiga", que me disse..."seu bebe terá comprometimento mental, você sabe disso, certo?" ....acredito que desconfiava mas como mãe tinha esperanças e, não queria aceitar que minha doença sacrificaria meu bebê. Ela foi cruel comigo como eu fui a mamãe.

Recebi alta fomos para casa e meu bebê estava bem,  já com dilatação visitaria o obstetra no final da tarde. Ao passar o doppler fetal nenhum ruido...silêncio na sala....meu médico jogou o equipamento no chão e reclamou a enfermeira o defeito do mesmo. Olhei para ele e entendi ...meu bebê havia morrido....

Fui para casa preparar minha mala para a cesária que faria à noite, no mesmo dia, levei a mala do bebê, tinha esperanças do doppler estar realmente quebrado. Me perguntaram se preferia dormir durante a cirurgia, pedi para dormir após o nascimento. Ela não chorou...todos na sala choraram, pedi para dormir.....

Ela foi batizada e seu nome é Maria, hoje teria 28 anos....abracei Maria uma única vez.



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